Viajar é muito mais do que um caminho para descobrir quanto desconhecemos do mundo e de nós mesmos. É muito mais do que uma porta de emergência para fugir do caos de nossas cidades e esquecer o silêncio de nossas casas. Viajar é a felicidade mesma disfarçada de ócio e cheia de infinitos aprendizados; é a mostra mais nobre e inocente por entregarmos ao desconhecido e abraçar lugares e costumes que não nos pertencem.
Planejar uma viagem é marcar uma rota de visitas que farão de nossa jornada um diário de experiências e conhecimentos que ninguém poderá nos arrancar. Viajando chegamos a profundas reflexões sobre maneira em que vivemos e como queremos viver depois de desfazer as malas. No exterior entendemos que a fome não é um problema endêmico de nosso país, que a pobreza não é uma desculpa para trabalhar de graça, que a desigualdade é uma doença impossível de curar com a fé, e que uma casa e um carro jamais vão dar conta de nosso sucesso, nem muito menos vão substituir nossa felicidade.
As pessoas que viajam sabem que não existe uma idade específica para viajar, mas é indispensável faze-lo em todas as etapas da vida, principalmente quando somos jovens e temos os sonhos novos, a energia completa e o cérebro em seu melhor momento para aprender todo o que precisamos do mundo. Sonhar é coisa de crianças, lutar é de adultos e guardar a esperança é de idosos.
Por isso, precisamos que mais jovens viajem pelo mundo e venham com ideias que enriqueçam ao nosso país; que nos façam perceber as boas tradições que temos e as costumes aberrantes que nos amarram à pobreza e à ignorância. Lá fora já se superaram épocas mais cruas e sangrentas, já morreram muitos mais por ódio e discriminação. Lá fora faz muito deixaram de fazer o que nós ainda acreditamos que está bem, já se levantaram de situações piores e de tudo isto podemos aprender, seja para prevenir ou para dar uma solução.
Necessitamos que as novas gerações pulem de país em país dispostas a aprender dos lugares que visitam e a ensinar o aprendido no momento de regressar; que venham a contar-nos que é possível fazer controle cidadão de nossos líderes políticos e que temos que lutar por direitos que nem imaginávamos que existiam; que venham a mostrar-nos como proteger nossos recursos naturais, nossa flora e fauna, dos interesses económicos das multinacionais; que venham a dizer-nos por que os prejuízos que nos inculcaram da infância nos impedem de deixar para trás os episódios mais violentos e tristes de nossa história; que venham a ensinar-nos por que devemos reconhecer e respeitar a diferença de gênero, raça, orientação sexual, espiritualidade e pensamento…
Precisamos que mais jovens façam as malas e aprendam de fora o que não querem que saibamos: o que só se aprende viajando.
Por: Andrés Gutiérrez
Río de Janeiro, Brasil.
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