Poderia afirmar, sem medo de estar errado, que em muitas de nossas famílias falar de homossexualidade é um tabu, e quando deixa de ser pode até virar uma das discussões mais tristes e espinhosas, especialmente quando a religião e o machismo tem sido o modelo que nossos pais escolheram para nos educar.
Por mais incrível que pareça, muitos pais e mães não duvidariam em assegurar que prefeririam que seu filho fosse qualquer coisa menos homossexual. Alguns, com o coração mais frio ainda, garantem que a morte seria uma situação mais favorável do que aceitar um membro da sua família com uma orientação sexual diferente. Então reparamos que, sem sair de nossas casas, o panorama da humanidade não pode ser mais lamentável.
O que nos diferença dos terroristas do Estado Islâmico, que assassinam homossexuais jogando-os de prédios, se nós, com a Bíblia na mão, os levamos até os penhascos de nossa sociedade para que escolham entre a morte ou a rejeição?
Embora esta possa parecer com a história macabra de alguma sociedade antiga, no mundo em que vivemos existem 80 países que perseguem, punem, aprisionam e em alguns casos condenam à morte a homossexuais. Então, isso quer dizer que um ser humano deve pagar um número determinado de anos na cadeia por amar ou gostar de alguém do mesmo sexo, ou nos piores dos casos morrer por um sentimento e desejo tão natural como o existente entre homens uma mulheres.
Atualmente, dos 194 países reconhecidos no mundo, somente 20 reconhecem as uniões maritais do mesmo sexo. Nos 174 países restantes existem grupos religiosos e pessoas que com a escusa das tradições e os prejuízos têm mantido excluídas que tomaram a decisão que conformar uma família diferente. “Deus criou a Adão e Eva não Adão e Ivo”, rezam os homofóbicos camuflados entre os seguidores de Deus e os conservadores extremistas.
Tal vez nossa sociedade não esteja disposta a viver em um mundo que respeita a vida e os direitos dos casais do mesmo sexo, da mesma forma em que nossos antepassados não podiam conceber a abolição escravidão ou que as mulheres tivessem direito de votar. Às mulheres e os negros também sofreram de uma violação despiedada dos seus direitos, assim como hoje nós castigamos arbitrariamente aos homossexuais.
Mas tem uma coisa que não sabemos, ou melhor, tem algo que no queremos aceitar. Os homossexuais não são uma minoria, mas, sim, são uma maioria silenciosa. Estão em todas as esferas da sociedade: são nossos amigos, nossos familiares, nossos colegas, nossos chefes, nossos esportistas, nossos cientistas, nossos artistas e nossos políticos. São pessoas que queremos e admiramos ainda desconhecendo seus gostos e orientações sexuais.
Eu não quero viver em um país que faz parte da persecução ou parte dos alienados contra da igualdade, escudados na fé e armados com salmos e versículos para atropelar a dignidade das pessoas que têm uma orientação sexual diferente. Mulheres, negros e homossexuais fazem parte de uma mesma luta pelo reconhecimento da igualdade de direitos de todos os seres humanos ante a constituição.
Não existe cura para os homossexuais porque eles não estão doentes. E essa não é uma afirmação minha, é uma afirmação dos mais prestigiosos médicos, psicólogos e psiquiatras das universidades mais importantes do mundo. Falar que você não tem nada contra dos gays, mas que você não concorda com que eles se casem e adotem filhos, faz que seja cúmplice de um movimento tão miserável como aquele que assegurava que existia uma raça humana superior a todas, de cabelos loiros e olhos azuis.
Os gays não são seres humanos de segunda classe, não estão doentes, nem merecem menos direitos do que os heterossexuais. Tem algo que sim é uma doença e se não é tratada voluntariamente se deve punir, se chama: HOMOFOBIA.
Por: Andrés Gutiérrez
Río de Janeiro, Brasil.
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